Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 9, no Colégio Pio Brasileiro (onde residem e estudam os padres brasileiros que estão em Roma), os sete purpurados que participaram do conclave que elegeu o papa Leão XIV compartilharam impressões sobre o novo pontífice e abordaram questões sensíveis que deverão marcar sua liderança.
Logo na abertura, dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, desfez a ideia de que o processo eleitoral papal seja cinematográfico. Mas antes, conversou com VEJA. “Rezamos, votamos, escrutínio e tudo de novo. E decidimos o voto na hora”, explicou, ao comentar que o conclave é marcado por seriedade, oração e discernimento, longe das fantasias populares inspiradas por filmes.
Ao comentar a figura do novo pontífice, dom Leonardo Steiner afirmou que Leão XIV não será uma repetição de seus antecessores.
“Será ele, não será repetição de outro papa. Será aquele que até agora foi: um grande missionário, um homem dedicado, um homem com visão extraordinária de Igreja e de mundo.” Ele destacou que, embora muitos esperassem continuidade direta com Francisco, “o papa Francisco é irrepetível, como cada um de nós é irrepetível”.
Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador, ressaltou a sintonia do novo papa com a América Latina, observando que, apesar da origem americana, Leão XIV construiu boa parte de sua trajetória eclesial no Peru. “O cardeal Prevost já tinha Francisco no nome, Francis, mas também no coração”, disse.
Sobre a escolha do nome Leão XIV, os cardeais afirmaram que ela aponta para uma ênfase renovada na doutrina social da Igreja. Dom Leonardo destacou que o novo pontífice tem sensibilidade para temas como meio ambiente, povos originários e periferias. “É claro que devagarinho ele vai entrando nesse mundo todo, como o papa Francisco, e vai nos ajudar a trilhar o caminho da paz, da verdade e da libertação.”
Por fim, dom Odilo relembrou a solene responsabilidade de cada voto: “A gente entrega o voto diante de um imenso crucifixo e da cena do Juízo Final na Capela Sistina.”
Entre os temas discutidos com o novo papa, os cardeais brasileiros relataram que houve abertura para dialogar sobre a ampliação do papel das mulheres na Igreja e sobre a bênção a homossexuais. Dom Leonardo Steiner disse estar confiante de que Leão XIV não bloqueará os debates. “Tenho certeza de que o papa Leão não vai tolher o diálogo. Pelo contrário.”
Dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou a importância das mulheres nas comunidades eclesiais, embora tenha adotado cautela sobre mudanças mais amplas em sua participação institucional. Sobre a bênção a homossexuais, ressaltou que “a bênção não é sinônimo de sacramento”, e que a Igreja precisa de tempo e discernimento para tratar com profundidade essas questões.
Com um papado que promete aliar escuta, sensibilidade social e fidelidade à tradição, os cardeais brasileiros demonstraram otimismo quanto à liderança de Leão XIV diante dos desafios do mundo contemporâneo.
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