À medida que o cenário para o setor aéreo piora — com o índice Dow Jones U.S. Airlines acumulando queda de quase 25% neste ano — algumas companhias aéreas estão apostando alto nos passageiros dispostos a pagar mais.
Para Benjamin Smith, CEO do grupo Air France-KLM, há grandes esforços para atrair viajantes de alto padrão — especialmente aqueles que costumavam voar de jatinho particular.
Confira a seguir trechos da entrevista que o executivo concedeu ao Wall Street Journal, com leves ajustes de edição para clareza e concisão.
Tabb: Para quem é o seu produto de primeira classe “La Première”, e qual é a demanda por um assento que custa pelo menos US$11.000 para um voo de ida e volta de Nova York a Paris?
Smith: O que aumentou muito foi o número de clientes de lazer que estão em busca de uma experiência luxuosa ao voar. Sempre tivemos uma parte dos clientes que voam na La Première, que não estão voando a trabalho, mas que têm os meios e querem esse tipo de experiência. Agora estamos vendo uma explosão nesse sentido. Então, isso também está substituindo algumas pessoas que, na verdade, se mudaram para a classe executiva porque não conseguem justificar o custo da primeira classe.
Por que as pessoas trocam um jato particular pelo serviço de vocês?
Há muitos clientes que não gostam de suas imagens associadas ao jato particular. E agora temos algumas pessoas que gostam tanto do nosso produto que compram quatro assentos só para uma pessoa, porque querem total privacidade e acham que é melhor do que realmente pegar um jato particular. Então, isso tudo é algo novo.
Como vocês monitoram o mercado de jatos particulares?
Os clientes que trocaram jatos particulares pelas nossas aeronaves são novos para nós. Então, esse monitoramento não é algo que fazemos hoje. Mas estamos recebendo, toda semana, clientes que não tínhamos no passado e que nos dizem que adoram esse produto. A privacidade começa no aeroporto. Não há atrito — você embarca e tem um serviço exclusivo e o assento é excelente. E ainda é muito mais barato do que o jato particular. Por exemplo: quatro assentos de Los Angeles à Paris da La Première são mais baratos do que um jato particular.
Quantas pessoas estão dispostas a trocar jato particular por uma companhia aérea? Quantos clientes vocês têm?
Não temos pessoas fazendo isso todos os dias, mas há clientes que já fazem isso com regularidade. Temos cada vez mais casais indo para Paris para uma viagem de luxo usando os serviços de nossa companhia aérea.
Você acha que esse aumento nos gastos com viagens de luxo vai durar? Você se preocupa que, depois de todo esse investimento, isso possa ser prejudicado por uma economia global instável?
Eu estou nesse negócio há 34 anos, passei por muitas crises diferentes, e as viagens são uma das primeiras coisas a serem afetadas quando os preços sobem ou há incertezas no mundo. O que estamos vendo, no entanto, é que as viagens de luxo são muito resilientes. Agora, isso não representa grandes quantidades para nós, mas é um investimento que cresce e que traz um impacto em nossa marca. Então, se chegássemos ao ponto de não ser lucrativo, não seria difícil para nós dizer ‘Ok, vamos retirar a La Première e aumentar o tamanho da cabine da classe executiva’, ou simplesmente retirar assentos da classe executiva e aumentar o número de passageiros da classe econômica.
O investimento da companhia aérea faz sentido?
Esse produto se encaixa na nossa marca. O mercado de Paris é extremamente grande. Eles são uma potênncia no mercado de luxo e há muitas pessoas que querem viajar. Então, elas reordenam suas prioridades e querem fazer isso com conforto. Então, acreditamos que essa mudança de comportamento veio para ficar.
Traduzido do inglês por InvestNews
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