Os primeiros 49 sul-africanos brancos que receberam status de refugiados pelo governo do presidente americano, Donald Trump, após serem considerados vítimas de discriminação racial estão à caminho dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 12.
Os 49 africâneres — uma minoria étnica branca, em grande parte descendente de colonos holandeses que promoveram o regime do apartheid na África do Sul— embarcaram em um avião fretado financiado pelos Estados Unidos em Joanesburgo no domingo e devem chegar ao aeroporto Washington Dulles nesta manhã.
O governo da África do Sul, por sua vez, afirma que os passageiros não são refugiados. “Eles não se qualificam para esse status, na nossa opinião”, disse o ministro das Relações Exteriores, Ronald Lamola, em uma coletiva de imprensa nesta segunda. “Não há nenhum dado que comprove que haja perseguição de sul-africanos brancos”, acrescentou ele.
Em março, o Departamento de Estado americano disse ter recebido cerca de 8 mil solicitações de reassentamento de sul-africanos brancos e, segundo o governo Trump, até mil africâneres podem entrar nos Estados Unidos como refugiados este ano.
Tensões entre África do Sul e EUA
A relação entre a África do Sul e os Estados Unidos está tensa há meses, após Trump assinar um decreto que congela assistência à nação africana em fevereiro, citando “discriminação racial injusta” contra africâneres brancos.
O principal conselheiro de Trump, o bilionário sul-africano Elon Musk, também afirmou que houve um “genocídio de brancos” na África do Sul e acusou o governo de aprovar “leis racistas de propriedade”, se referindo à nova lei de expropriação de terras que visa corrigir as desigualdades enraizadas no antigo sistema de apartheid.
No entanto, mesmo após o fim do apartheid, há 30 anos, os africâneres continuam sendo uma das raças mais privilegiadas da África do Sul. Apesar de representar apenas 7% da população do país, a minoria étnica branca possui cerca de 78% das terras agrícolas privadas no país e detêm cerca de 20 vezes a riqueza dos sul-africanos negros.
“Não há nenhum dado que comprove que haja perseguição de sul-africanos brancos”, disse o porta-voz do Ministério dos Transportes da África do Sul, Collen Msibi, acrescentando que a criminalidade no país afeta a todos, independentemente da raça.
A tensão entre os países se agravou ainda mais após o embaixador da África do Sul em Washington, Ebrahim Rasool, ser expulso dos Estados Unidos em março por acusações de ódio ao país e ao presidente americano.
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