
Olhe bem para a fotografia ao lado. Na mesa, entre as pastas azuis, ao lado de um dos copos, há um pedaço de papel branco amassado. Os homens da cena são o presidente da França, Emmanuel Macron (no centro); o chanceler alemão, Friedrich Merz (à dir., de azul); e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. O trio estava dentro de um trem, a caminho de Kiev, na Ucrânia, onde seria recebido pelo presidente Volodymyr Zelensky. Mas quem fez barulho mesmo, depois da divulgação de um vídeo no sábado 10, foi o tal diminuto embrulho, tirado de cena por Macron, que tratou de amassá-lo e pô-lo no bolso, sem tanta discrição. Não demorou para que nas redes sociais — ali onde tudo ocorre e grassam mentiras, alimentadas por “influencers” da Rússia —, dissessem se tratar de um papelote de cocaína. A mentira se espalhou, afrontosa, a ponto de forçar o Palácio do Eliseu, sede do governo da França, a emitir uma nota rechaçando a provocação: “Quando a unidade europeia é um problema, a desinformação chega ao ponto de fazer com que um simples lenço seja considerado droga. Essas informações falsas são espalhadas pelos inimigos da França, tanto no país quanto no exterior. Cuidado com a manipulação”. De fato: o objeto no centro do palco era mesmo um lenço de papel descartável, que Macron decidiu esconder por educação, e precisava ser retirado da frente das câmeras, simples assim. Aos detratores, restou o choro da invencionice negada — convém sugerir que peguem o lenço para enxugar as lágrimas.
Publicado em VEJA de 16 de maio de 2025, edição nº 2944
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