Sidônio Palmeira assumiu como ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República em janeiro, em meio à crise do Pix, e foi apresentado como uma “renovação” para a área do governo.
O ministro tem reuniões quase que diárias com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde que entrou no governo, um dos focos de Sidônio tem sido unificar o discurso com ministros e assessores das pastas, o que nem sempre dá certo. Por exemplo, a crítica pública do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao titular da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho, mesmo em meio à crise do INSS. Sidônio defende que, antes de entrar de cabeça nas eleições de 2026, é preciso vencer 2025.
Diante da ameaça cada vez maior de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso para apurar as fraudes no INSS, governistas ainda batem cabeça para decidir se apoiam ou não a instalação do colegiado. À CNN, deputados da base relataram não ter recebido uma orientação geral sobre como lidar com o caso desde o início.
Nesta sexta (16), Sidônio foi ao Alvorada em reunião com Lula e outros ministros para tratar da crise. Após o encontro, pelas redes sociais, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que CPIs são prerrogativa do Legislativo. No entanto, ressaltou que uma comissão desse tipo pode comprometer a investigação policial e atrasar o ressarcimento às vítimas.
Enquanto isso, a oposição ataca o governo – especialmente nas redes sociais. Pesquisa Quaest aponta que o esquema foi o assunto mais discutido em grupos públicos de aplicativos de mensagens entre 21 de abril e 7 de maio. As publicações tinham alcance médio diário de 818 mil pessoas, com mais de 3,6 milhões mensagens sobre o caso.
A fraude chegou a superar outros temas em evidência na época, como a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a crise do pix e o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. O assunto teve três picos de repercussão: no dia da primeira operação, no dia do relatório da Polícia Federal e quando o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) soltou um vídeo responsabilizando o governo Lula pela fraude.
“Não há nenhuma nebulosidade de comunicação, ao nosso ver, no que acontece nas decisões tomadas pelos diversos órgãos do governo – que vem atuando até as notícias que chegam aos jornais e à população de maneira geral”, afirmou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), integrante da base governista, à CNN.
Ao mesmo tempo, o governo segue com dificuldade para se fazer ouvir nas redes sociais. A aposta de Sidônio é mostrar Lula em linguagem mais popular, travando diálogo direto com a população.
Outra orientação do ministro pede atenção a vazamentos de informações extraoficiais e reações rápidas às fake news. Ainda assim, governistas admitem que seguem perdendo nas redes.
A avaliação de aliados de Lula é que Sidônio sabe onde está o problema na comunicação, mas que crises sucessivas atrapalham a implementação do trabalho. Seja pela atuação dos oposicionistas, seja por falas de integrantes da própria gestão Lula. Nos últimos meses, as principais crises foram a do Pix, a do INSS e a do TikTok em viagem oficial à China.
Há aliados que também consideram que programas importantes não foram bem explorados, ou acabaram envolvidos em algum problema, como o Pé de Meia, um programa de incentivo financeiro a alunos do Ensino Médio público. A oposição até reconhece o trabalho do Sidônio, mas avalia que o problema vai além.
“Depois da chegada do Sidônio, houve um esforço na tentativa de melhor coordenar a comunicação do governo, mas se mostra inócuo e improdutivo, porque, na prática, há uma distância enorme entre o mundo real das pessoas e a comunicação oficial”, disse o deputado federal Mendonça Filho (União Brasil-PE) à CNN.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, já falou considerar a comunicação o grande problema do governo, embora tenha elogiado Sidônio. Ao seu ver, o governo não consegue mostrar um avanço de políticas públicas perante a polarização existente.
De todo modo, ainda que em ritmo lento, o Planalto vinha recuperando popularidade desde a chegada de Sidônio. No início do ano, pesquisa Datafolha mostrava aprovação de 35% dos brasileiros, com a reprovação em 34%. Em fevereiro, a aprovação caiu para 24%. Já a reprovação subiu para 41%. Em abril, antes da crise do INSS, a avaliação positiva tinha subido para 29%. A negativa, recuado para 38%.
Agora, há a possibilidade de que os índices sejam afetados pelo escândalo previdenciário. Além de Lula, alguns dos mais interessados nos números são os caciques do centrão. A depender dos humores, vão decidir se caminharão ou não com o atual presidente em 2026.
More Stories
Freguesia? Corinthians defende tabu contra o Santos na Neo Química Arena
Ator de Beiçola reflete sobre Retiro dos Artistas: “A gente precisa sorrir“
Trump alerta: prazo para finalizar acordos sobre tarifas se aproxima do fim